Caros Amigos,
Para relembrar o Dia Nacional da Juventude (dia 28 de Março), resolvi escrever um pouco sobre nós: os jovens portugueses.
Vou procurar focar-me sobretudo na integração dos jovens na atual conjuntura económica em Portugal.
Como todos sabemos, vivemos num ambiente de profunda crise económica a nível mundial, nunca antes verificada que, aliada à irresponsabilidade de alguns governantes, coloca o futuro das novas gerações em risco…
Ora, vivemos num país em que o número de jovens licenciados sem emprego aumenta exponencialmente dia após dia, semana após semana…
Cada vez mais, o investimento feito num curso superior corre o risco de não ser recuperado, isto é, cada vez menos garante um emprego no futuro, e já não falo aqui de “bons” empregos, mas apenas de ter uma oportunidade de mostrar as suas capacidades.
Na minha opinião, a primeira coisa a fazer é mudar as mentalidades da população, mudar a ideia de que todo e qualquer jovem deve frequentar um curso superior.
Para que isto aconteça, é essencial tentar alterar duas questões, uma da responsabilidade directa dos governantes e a outra dos próprios jovens.
Por um lado, o Estado deve ponderar seriamente reduzir de forma considerável o número de cursos e vagas anuais no ensino superior (uma razoável parte dos cursos têm pouca ou nenhuma utilidade prática…), contrabalançando esta redução com o aumento da oferta de cursos profissionais direccionados para profissões que são cada vez mais raras mas, ao mesmo tempo, são extremamente importantes para um harmonioso funcionamento duma sociedade, como são os casos de cozinheiro, electricista, mecânico, pedreiro, entre muitas outras…
Por outro lado, é essencial que os próprios jovens tenham uma mente mais aberta e menos preconceituosa, “aceitando” desenvolver os seus “skills” em áreas desta natureza (“menos reconhecidas” – diz o povo), caso não se adaptem a áreas mais intelectuais, que impliquem a frequência dum curso superior.
É importante, meus caros, que se mentalizem que estamos num mundo extremamente competitivo em que a adaptação a novas circunstâncias e a capacidade de realizar várias funções são cada vez mais importantes e valorizadas pelo mercado de trabalho.
Em suma, estamos num período de extremo pessimismo e desconfiança geral que pode colocar em risco a sustentabilidade da NOSSA geração, que pode limitar seriamente as nossas actividades, as nossas oportunidades, o nosso bem-estar!
É essencial lutar pelos nossos direitos, expor as nossas ideias e, acima de tudo, compreender as
dificuldades do mundo em que vivemos…
E vocês, o que acham do nosso futuro? Como pensam reagir às dificuldades??
Até breve,
Rui Jacinto
domingo, 29 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Casamento Homossexual
Muito Boas Tardes,
Num altura em que está disponível no blog uma sondagem sobre o "nivel de concordância" com as questões homossexuais, vou expressar a minha opinião sobre este complexo e controverso tema.
Antes de mais, é importante explicar a expressão "nivel de concordância". Ora, na minha opinião, parece-me que se devem levantar várias questões sobre este tema, não se podendo resumir ao simples concordar ou não com a homossexualidade.
Primeira Questão: O que acha (a nivel natural) da homossexualidade? Deve ser respeitada?
Deve! Num Estado de Direito, não pode haver qualquer tipo de discriminação!! Ninguém deve ser discriminado apenas porque tem preferências sexuais diferentes! Contudo, a homossexualidade é contra-natura (isto é, não há reprodução e continuação da espécie humana entre casais homossexuais). Logo, quem o é deve respeitar quem não é, ou seja, deve compreender essa "diferença" e não procurar violar susceptibilidades, pois "a liberdade dum acaba quando começa a do outro".
Segunda Questão: Concorda com o casamento homossexual?
Depende! Concordo apenas se, e só se, fosse rectificada a lei que permite a adopção de crianças por parte de casais, pois a falta de especificação sobre a sexualidade daria automaticamente os mesmos direitos sobre a adopção de crianças e, nesse aspecto, discordo claramente. Se realmente existisse esse "cuidado", concordo com o casamento pois acho que os homssexuais devem poder usufruir dos direitos e deveres LEGAIS de serem casados, se assim o entenderem.
Terceira Questão: Concorda com a adopção de crianças por homossexuais?
Não, de todo!! Esta parece-me a questão mais fácil de justificar até porque, até hoje, apesar de respeitar opiniões contrárias, não acho que nenhum dos argumentos do "sim" seja suficientemente forte...
Ora, quais os argumentos mais usuais do "sim"?
1) "Sendo possível a adopção, à luz do Direito, por uma pessoa sozinha, é possível que essa pessoa seja homossexual e, até, viva com um parceiro do mesmo sexo":
Primeiro, é uma interpretação falseada da lei e realmente não é possível saber a sexualidade das pessoas (acredita-se nos factos...). Segundo, lá por já existirem alguns casos resultantes dessa interpretação da lei, não é razão para ser liberada pois, caso contrário, tudo o que já existe ilegal e não se consegue controlar legaliza-se, "instaurando-se" uma anarquia!!!
2) "É preferível as crianças viverem com pais homossexuais do que num orfanato, pois são mais amadas":
É?? Até que ponto? Até que ponto é que o "trauma" com que uma criança pode ficar sendo "diferente" dos colegas de escola, dos colegas de futebol (não nos podemos esquecer da "maldade" das crianças...) não será maior do que o "trauma" de viver numa instituição de acolhimento, desde que tenha as minímas condições para uma boa infância?? Até que ponto é que o facto duma criança ter dois "pais do mesmo sexo" não influenciará a sua sexualidade?? Até que ponto é que não será trágico para a sustentabilidade da espécie humana haver cada vez mais casais com impossibilidade de assegurar a reprodução?? Começar-se-à, no longo prazo, a caminhar para uma geração de humanos em que a maioria foi feito por máquinas (inseminação artificial) ?? Até que ponto não será mais proveitoso melhorar as condições dos orfanatos e, mais importante ainda, facilitar a adopção por casair heterossexuais, diminuindo as questões burocráticas?? Aliás, com a liberalização do aborto a tendência lógica é a diminuição das crianças abandonadas...
Para além disto, parece-me que uma razoável parte da população homossexual tem um comportamento demasiado radical, querendo implantar à força as suas ideias, não respeitando as questões éticas e morais que envolve este tema.
Em suma, não concordo com a discriminação mas não acho que tenha que ser imposta à sociedade uma liberdade total para aceitar os mesmos comportamentos de homossexuais do que os heterossexuais. Noutra perspectiva, concordo com o casamento desde que os direitos legais não impliquem a liberdade de adopção, algo que discordo profundamente.
Espero pelos vossas opiniões, as quais irei, como sempre, respeitar, mesmo que divirjam totalmente da minha.
Um bem haja,
Rui Jacinto
Num altura em que está disponível no blog uma sondagem sobre o "nivel de concordância" com as questões homossexuais, vou expressar a minha opinião sobre este complexo e controverso tema.
Antes de mais, é importante explicar a expressão "nivel de concordância". Ora, na minha opinião, parece-me que se devem levantar várias questões sobre este tema, não se podendo resumir ao simples concordar ou não com a homossexualidade.
Primeira Questão: O que acha (a nivel natural) da homossexualidade? Deve ser respeitada?
Deve! Num Estado de Direito, não pode haver qualquer tipo de discriminação!! Ninguém deve ser discriminado apenas porque tem preferências sexuais diferentes! Contudo, a homossexualidade é contra-natura (isto é, não há reprodução e continuação da espécie humana entre casais homossexuais). Logo, quem o é deve respeitar quem não é, ou seja, deve compreender essa "diferença" e não procurar violar susceptibilidades, pois "a liberdade dum acaba quando começa a do outro".
Segunda Questão: Concorda com o casamento homossexual?
Depende! Concordo apenas se, e só se, fosse rectificada a lei que permite a adopção de crianças por parte de casais, pois a falta de especificação sobre a sexualidade daria automaticamente os mesmos direitos sobre a adopção de crianças e, nesse aspecto, discordo claramente. Se realmente existisse esse "cuidado", concordo com o casamento pois acho que os homssexuais devem poder usufruir dos direitos e deveres LEGAIS de serem casados, se assim o entenderem.
Terceira Questão: Concorda com a adopção de crianças por homossexuais?
Não, de todo!! Esta parece-me a questão mais fácil de justificar até porque, até hoje, apesar de respeitar opiniões contrárias, não acho que nenhum dos argumentos do "sim" seja suficientemente forte...
Ora, quais os argumentos mais usuais do "sim"?
1) "Sendo possível a adopção, à luz do Direito, por uma pessoa sozinha, é possível que essa pessoa seja homossexual e, até, viva com um parceiro do mesmo sexo":
Primeiro, é uma interpretação falseada da lei e realmente não é possível saber a sexualidade das pessoas (acredita-se nos factos...). Segundo, lá por já existirem alguns casos resultantes dessa interpretação da lei, não é razão para ser liberada pois, caso contrário, tudo o que já existe ilegal e não se consegue controlar legaliza-se, "instaurando-se" uma anarquia!!!
2) "É preferível as crianças viverem com pais homossexuais do que num orfanato, pois são mais amadas":
É?? Até que ponto? Até que ponto é que o "trauma" com que uma criança pode ficar sendo "diferente" dos colegas de escola, dos colegas de futebol (não nos podemos esquecer da "maldade" das crianças...) não será maior do que o "trauma" de viver numa instituição de acolhimento, desde que tenha as minímas condições para uma boa infância?? Até que ponto é que o facto duma criança ter dois "pais do mesmo sexo" não influenciará a sua sexualidade?? Até que ponto é que não será trágico para a sustentabilidade da espécie humana haver cada vez mais casais com impossibilidade de assegurar a reprodução?? Começar-se-à, no longo prazo, a caminhar para uma geração de humanos em que a maioria foi feito por máquinas (inseminação artificial) ?? Até que ponto não será mais proveitoso melhorar as condições dos orfanatos e, mais importante ainda, facilitar a adopção por casair heterossexuais, diminuindo as questões burocráticas?? Aliás, com a liberalização do aborto a tendência lógica é a diminuição das crianças abandonadas...
Para além disto, parece-me que uma razoável parte da população homossexual tem um comportamento demasiado radical, querendo implantar à força as suas ideias, não respeitando as questões éticas e morais que envolve este tema.
Em suma, não concordo com a discriminação mas não acho que tenha que ser imposta à sociedade uma liberdade total para aceitar os mesmos comportamentos de homossexuais do que os heterossexuais. Noutra perspectiva, concordo com o casamento desde que os direitos legais não impliquem a liberdade de adopção, algo que discordo profundamente.
Espero pelos vossas opiniões, as quais irei, como sempre, respeitar, mesmo que divirjam totalmente da minha.
Um bem haja,
Rui Jacinto
quinta-feira, 19 de março de 2009
"Façamos de Conta"
Caros amigos,
A principal razão para a formação deste blog foi manifestar a minha opinião e promover a vossa.
Contudo, vou abrir uma excepção para publicar excertos dum documento do jornalista Mário Crespo que, na minha opinião, define a realidade do país...da nossa democracia:
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport.
Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal.
Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões
Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
(...)
Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.
Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.
Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.
Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.
Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".
Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
(...)
Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.
Façamos de conta que não há SIS.
Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos.Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas.
Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja.Votemos por unanimidade porque de facto não interessa.
A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos"
Eu não quero "fazer de conta"... e vocês??
Um bem haja,
Rui Jacinto
A principal razão para a formação deste blog foi manifestar a minha opinião e promover a vossa.
Contudo, vou abrir uma excepção para publicar excertos dum documento do jornalista Mário Crespo que, na minha opinião, define a realidade do país...da nossa democracia:
"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport.
Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal.
Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões
Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
(...)
Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.
Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.
Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.
Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.
Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".
Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
(...)
Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.
Façamos de conta que não há SIS.
Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos.Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas.
Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja.Votemos por unanimidade porque de facto não interessa.
A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos"
Eu não quero "fazer de conta"... e vocês??
Um bem haja,
Rui Jacinto
terça-feira, 3 de março de 2009
Análise da Conjuntura Económica Portuguesa
Caros Amigos,
Numa altura em que atravessamos uma grave crise económica, acho interessante divulgar a Análise da Conjuntura Económica Portuguesa que efectuei com base em estatísticas do INE (Instituto Nacional de Estatística), BCE (Banco Central Europeu) e Banco de Portugal.
Em meados de 2008, a falência da Lehman Brothers acelerou o que era espectável: o deflagrar duma das maiores crises económicas mundiais de sempre, sendo inevitáveis as consequências negativas para Portugal. O elevado endividamento, tanto das famílias como das empresas e instituições bancárias, originou enormes dificuldades no pagamento desses mesmos créditos, o que “saturou” o mercado financeiro, tendo gerado situações de falência e quase falência de alguns Bancos. Algumas destas têm sido evitadas pela intervenção dos Governos nacionais, como foram os casos portugueses do BPN e BPP.
Passando, agora, a uma análise mais específica, verificamos que o PIB português decresceu consecutivamente nos trimestres de 2008, prevendo-se que em 2009 tenha um crescimento negativo (de 3.0 em 2006 passa para -0.8 em 2009). Numa óptica da despesa, esta evolução claramente negativa a muito se deve à diminuição do consumo privado e das exportações. No primeiro grupo há que destacar a diminuição do turismo nacional e internacional, reflectida na diminuição do número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros nacionais (de 2007 para 2008 variou -1%, o que contrasta com a variação positiva de 5.8% de 2006 para 2007). Neste ponto, é curioso verificar que a variação do n.º de automóveis ligeiros de passageiros vendidos aumentou de 2007 para 2008, em contraposto com a transacção de automóveis ligeiros comerciais, que diminuiu 19% em 2008.
A diminuição generalizada do consumo levou, obviamente, à contracção da oferta, sendo de destacar a evolução negativa da produção de automóveis (-2%) e a diminuição da venda de cimento em 6.6%, o que reflecte a diminuição da construção de imóveis.
Outro dos indicadores extremamente relevantes na estabilidade da economia dum país é a inflação, que se mede pela evolução do IPC. Desde Junho de 2008, verificou-se uma descida acentuada da taxa de inflação homóloga, que em Dezembro do mesmo ano foi de apenas 0.8 pontos percentuais. É interessante verificar que os produtos que mais aumentaram o preço foram as bebidas alcoólicas e o tabaco, sendo os produtos de saúde e os transportes aqueles que menos aumento de preço sofreram em relação a 2007.
No que respeita ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego de 2007 para 2008 diminuiu, tendo em contas apenas uma comparação até ao 3º trimestre, mas verificou-se uma subida do 2º para o 3º trimestre de 2008 de 0.4%, pressupondo-se que possa ter voltado a aumentar no último trimestre. Apesar desta tendência, é curioso verificar que a oferta de trabalho para indivíduos inscritos no Centro de Emprego aumentou de 2007 para 2008.
Numa última análise, parece-me interessante e importante analisar o comportamento da Euribor. Ora, no 1º trimestre de 2008 a taxa de juro referência para as instituições bancárias da UE aumentou, chegando aos 5.38% (a 6 meses, mais usual em Portugal). Contudo, o agravar da crise levou o BCE a diminuir esta taxa, fixando-se nos 2.97% em Dezembro de 2008, um mínimo absoluto há muito não verificado.
Em suma, a crise económica que assola quase todo o Mundo contribuiu para que a situação económica de Portugal se tornasse bastante delicada em finais de 2008, culminando com a expectativa de crescimento do PIB negativo em 2009. O BCE, de modo a fomentar o consumo e o investimento, tem vindo a diminuir a Euribor, o que, em princípio, levará ao aumento da taxa de inflação e, consequentemente, redução do desemprego, um dos grandes problemas dos dias de hoje.
Saudações Económicas,
Rui Jacinto
Numa altura em que atravessamos uma grave crise económica, acho interessante divulgar a Análise da Conjuntura Económica Portuguesa que efectuei com base em estatísticas do INE (Instituto Nacional de Estatística), BCE (Banco Central Europeu) e Banco de Portugal.
Em meados de 2008, a falência da Lehman Brothers acelerou o que era espectável: o deflagrar duma das maiores crises económicas mundiais de sempre, sendo inevitáveis as consequências negativas para Portugal. O elevado endividamento, tanto das famílias como das empresas e instituições bancárias, originou enormes dificuldades no pagamento desses mesmos créditos, o que “saturou” o mercado financeiro, tendo gerado situações de falência e quase falência de alguns Bancos. Algumas destas têm sido evitadas pela intervenção dos Governos nacionais, como foram os casos portugueses do BPN e BPP.
Passando, agora, a uma análise mais específica, verificamos que o PIB português decresceu consecutivamente nos trimestres de 2008, prevendo-se que em 2009 tenha um crescimento negativo (de 3.0 em 2006 passa para -0.8 em 2009). Numa óptica da despesa, esta evolução claramente negativa a muito se deve à diminuição do consumo privado e das exportações. No primeiro grupo há que destacar a diminuição do turismo nacional e internacional, reflectida na diminuição do número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros nacionais (de 2007 para 2008 variou -1%, o que contrasta com a variação positiva de 5.8% de 2006 para 2007). Neste ponto, é curioso verificar que a variação do n.º de automóveis ligeiros de passageiros vendidos aumentou de 2007 para 2008, em contraposto com a transacção de automóveis ligeiros comerciais, que diminuiu 19% em 2008.
A diminuição generalizada do consumo levou, obviamente, à contracção da oferta, sendo de destacar a evolução negativa da produção de automóveis (-2%) e a diminuição da venda de cimento em 6.6%, o que reflecte a diminuição da construção de imóveis.
Outro dos indicadores extremamente relevantes na estabilidade da economia dum país é a inflação, que se mede pela evolução do IPC. Desde Junho de 2008, verificou-se uma descida acentuada da taxa de inflação homóloga, que em Dezembro do mesmo ano foi de apenas 0.8 pontos percentuais. É interessante verificar que os produtos que mais aumentaram o preço foram as bebidas alcoólicas e o tabaco, sendo os produtos de saúde e os transportes aqueles que menos aumento de preço sofreram em relação a 2007.
No que respeita ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego de 2007 para 2008 diminuiu, tendo em contas apenas uma comparação até ao 3º trimestre, mas verificou-se uma subida do 2º para o 3º trimestre de 2008 de 0.4%, pressupondo-se que possa ter voltado a aumentar no último trimestre. Apesar desta tendência, é curioso verificar que a oferta de trabalho para indivíduos inscritos no Centro de Emprego aumentou de 2007 para 2008.
Numa última análise, parece-me interessante e importante analisar o comportamento da Euribor. Ora, no 1º trimestre de 2008 a taxa de juro referência para as instituições bancárias da UE aumentou, chegando aos 5.38% (a 6 meses, mais usual em Portugal). Contudo, o agravar da crise levou o BCE a diminuir esta taxa, fixando-se nos 2.97% em Dezembro de 2008, um mínimo absoluto há muito não verificado.
Em suma, a crise económica que assola quase todo o Mundo contribuiu para que a situação económica de Portugal se tornasse bastante delicada em finais de 2008, culminando com a expectativa de crescimento do PIB negativo em 2009. O BCE, de modo a fomentar o consumo e o investimento, tem vindo a diminuir a Euribor, o que, em princípio, levará ao aumento da taxa de inflação e, consequentemente, redução do desemprego, um dos grandes problemas dos dias de hoje.
Saudações Económicas,
Rui Jacinto
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