terça-feira, 3 de março de 2009

Análise da Conjuntura Económica Portuguesa

Caros Amigos,

Numa altura em que atravessamos uma grave crise económica, acho interessante divulgar a Análise da Conjuntura Económica Portuguesa que efectuei com base em estatísticas do INE (Instituto Nacional de Estatística), BCE (Banco Central Europeu) e Banco de Portugal.

Em meados de 2008, a falência da Lehman Brothers acelerou o que era espectável: o deflagrar duma das maiores crises económicas mundiais de sempre, sendo inevitáveis as consequências negativas para Portugal. O elevado endividamento, tanto das famílias como das empresas e instituições bancárias, originou enormes dificuldades no pagamento desses mesmos créditos, o que “saturou” o mercado financeiro, tendo gerado situações de falência e quase falência de alguns Bancos. Algumas destas têm sido evitadas pela intervenção dos Governos nacionais, como foram os casos portugueses do BPN e BPP.

Passando, agora, a uma análise mais específica, verificamos que o PIB português decresceu consecutivamente nos trimestres de 2008, prevendo-se que em 2009 tenha um crescimento negativo (de 3.0 em 2006 passa para -0.8 em 2009). Numa óptica da despesa, esta evolução claramente negativa a muito se deve à diminuição do consumo privado e das exportações. No primeiro grupo há que destacar a diminuição do turismo nacional e internacional, reflectida na diminuição do número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros nacionais (de 2007 para 2008 variou -1%, o que contrasta com a variação positiva de 5.8% de 2006 para 2007). Neste ponto, é curioso verificar que a variação do n.º de automóveis ligeiros de passageiros vendidos aumentou de 2007 para 2008, em contraposto com a transacção de automóveis ligeiros comerciais, que diminuiu 19% em 2008.

A diminuição generalizada do consumo levou, obviamente, à contracção da oferta, sendo de destacar a evolução negativa da produção de automóveis (-2%) e a diminuição da venda de cimento em 6.6%, o que reflecte a diminuição da construção de imóveis.

Outro dos indicadores extremamente relevantes na estabilidade da economia dum país é a inflação, que se mede pela evolução do IPC. Desde Junho de 2008, verificou-se uma descida acentuada da taxa de inflação homóloga, que em Dezembro do mesmo ano foi de apenas 0.8 pontos percentuais. É interessante verificar que os produtos que mais aumentaram o preço foram as bebidas alcoólicas e o tabaco, sendo os produtos de saúde e os transportes aqueles que menos aumento de preço sofreram em relação a 2007.

No que respeita ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego de 2007 para 2008 diminuiu, tendo em contas apenas uma comparação até ao 3º trimestre, mas verificou-se uma subida do 2º para o 3º trimestre de 2008 de 0.4%, pressupondo-se que possa ter voltado a aumentar no último trimestre. Apesar desta tendência, é curioso verificar que a oferta de trabalho para indivíduos inscritos no Centro de Emprego aumentou de 2007 para 2008.

Numa última análise, parece-me interessante e importante analisar o comportamento da Euribor. Ora, no 1º trimestre de 2008 a taxa de juro referência para as instituições bancárias da UE aumentou, chegando aos 5.38% (a 6 meses, mais usual em Portugal). Contudo, o agravar da crise levou o BCE a diminuir esta taxa, fixando-se nos 2.97% em Dezembro de 2008, um mínimo absoluto há muito não verificado.

Em suma, a crise económica que assola quase todo o Mundo contribuiu para que a situação económica de Portugal se tornasse bastante delicada em finais de 2008, culminando com a expectativa de crescimento do PIB negativo em 2009. O BCE, de modo a fomentar o consumo e o investimento, tem vindo a diminuir a Euribor, o que, em princípio, levará ao aumento da taxa de inflação e, consequentemente, redução do desemprego, um dos grandes problemas dos dias de hoje.


Saudações Económicas,

Rui Jacinto

4 comentários:

  1. Apesar de respeitar todas as opiniões, quero esclarecer que o blog é destinado, especialmente, a pessoas com interesse em saber mais (em aprender...)e com capacidade para manifestar a sua opinião, o que parece não ser o caso do caro leitor "Anónimo", que nem corajem tem para se identificar...

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  2. Oh meu caro, o seu dever é respeitar todas as opiniões, mas abrir um blog para a "Economia" "casamento homossexual" digamos que só faz isso quem têm tempo!!

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  3. Há cada anormal...

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