segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Atribuição de Portáteis vs Frequência Universitária

Caros amigos,

Vou abordar um tema que há algum tempo gerou demasiada polémica, mas que, na minha opinião, a maioria dos debates fugiu do essencial.

Todos nos lembramos das piadas de humoristas (e outros) sobre o "Magalhães", um "computador totalmente português" - diz Sócrates. Muito foi discutido sobre a sua verdadeira origem (se é mesmo uma "invenção" portuguesa - pelos vistos não), a suposta manipulação da comunicação social (dando demasiada importância ao tema e não pesquisando sobre a veracidade da informação dada pelo nosso Primeiro Ministro).

Contudo, penso que o essencial acabou por ser diluído. Ora, o essencial para mim é saber se fará sentido "investir" em todas as crianças (desde o 7º ao 12º Ano) e adultos que frequentam as "Novas Oportunidades", dispendendo o Estado milhões de Euros por cada ano lectivo quando, no mesmo país, a frequência do ensino universitário está cada vez mais dispendiosa...

É óbvio que os jovens são o futuro; é óbvio que investir nos jovens é preparar bem o futuro! MAS, serão todos os jovens merecedores deste investimento? MAS, Será que o facto de terem um computador (e portátil) em casa é essencial para o seu desenvolvimento? Não seria menos dispendioso equipar as escolas com equipamento informático adequado, possibilitando o acesso a TODOS mas, ao mesmo tempo, incutir alguma responsabilidade nos jovens, conseguindo distinguir aqueles que usam o computador para aprender ou simplesmente para brincar?

É justo (e coerente) facultar estes portáteis aos jovens e depois cobrar propinas altíssimas na faculdade (àqueles que mais querem aprender, que mais querem desenvolver os seus conhecimentos)? Não me parece, de todo!

Há que se ser coerente: proporcionar melhores condições aos jovens sim, mas até ao fim (universidade) e não apenas até ao 12º Ano pois, como todos sabemos, na Aldeia Global em que vivemos o 12º Ano é cada vez mais insuficiente...

Tenho consciência que a minha opinião é polémica e não é generalizada...ou será??

Têm a palavra...


Um bem haja,

Rui Jacinto

4 comentários:

  1. Caro amigo Rui Jacinto,

    Já há muito que nao falamos e é com agrado que comento no teu blog. A minha primeira palavra é para te felicitar, pois faz falta um lugar para discutir problemas que em muitos de nós passam despercebidos.

    Compreendo o teu ponto de vista, se vale a pena continuar a investir milhoes a distribuir computadores a jovens promessas enquanto as propinas das Universidades se encontram a valores exagerados.

    A meu ver a igualdade de oportunidades é fundamental nesta "Aldeia Global" e portanto adequada a facilidade para adquirir um computador com internet. O que não está assim tão correcto, e esse o ponto fundamental, são os criterios para a distrbuiçao. A Soluçao seria um meio termo entre descer as propinas aos mais carenciados e aumentar o valor do computador aos mais "abastados".

    O sincero abraço, Bruno Ferrao

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  2. Amigo Bruno,

    Antes de mais quero agradecer a tua participação e os teus elogios.

    Tal como digo no comentário, concordo que os jovens devam ter acesso à inovação, à tecnologia, também fundamentais no Mundo de hoje.

    O que questiono é a coerência desta medida!
    Não me parece coerente que a instrução e facilidade de acesso a tecnologias apenas seja aplicada até ao 12ºAno... Não me parece verdade que TODOS mereçam recebar o computador portátil...é fulcral começar a distinguir, desde cedo, aqueles que merecem dos que merecem menos pois só assim o Investimento nos jovens será rentável a médio-longo prazo.

    A avaliação da atribuição ou não dum portátil e do valor das propinas não deve, caro Bruno, ser feita apenas com base no rendimento das famílias pois estaremos a retirar significado ao mérito, à dedicação e ao esforço dos alunos.

    Grande Abraço,

    Rui Jacinto

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  3. Caro Rui, claro que tudo seria mais simples se o mérito e o esforço fossem uma medida observável...mas será que alguém consegue quantificar essas medidas? Será que, num assunto como estes é, realmente possível avaliar a rentabilidade em termos objectivos? Parece-me que não...Será que as notas de um aluno serão o único factor que consegue distinguir os bons dos maus alunos?
    Não existem alunos que, perdem tempo de estudo para terem que realizar tarefas que, muitas vezes,e em situações normais, deveriam ser realizadas por adultos? Serão menos merecedores de ter um Magalhães ou um portátil?
    Nessa mesma lógica de raciocínio teríamos que vedar a educação certos jovens, já que nem todos a valorizam da mesma maneira, nem todos tiram dele o aproveitamento devido, mas, de certo que concordarás comigo que é uma medida impensável.

    Contudo, concordo contigo num ponto, deveria ser uma medida aplicada, também no ensino superior, mas como em quase todas as políticas, esta não tem sido aplicada só de uma vez. Inicialmente começou com o ensino secundário, passando para o básico. Provavelmente chegará ao superior também, esperaremos para ver.

    Quanto ao valor das propinas, concordo que estejam em valores especialmente altos, contudo, e embora não fazendo firme a minha opinião, dado que não conheço este assunto ao pormenor, terás que concordar comigo que estes valores não correspondem, nem de perto, ao investimento feito na nossa educação, grande parte dele é suportado pelo Estado (factos comprovados). Por outro lado, e não excluindo a necessidade de alterações à nova lei (penso que se trata de uma lei), dado que, mais uma vez não estou por dentro do assunt, concordarás comigo que, nunca, como hoje, o acesso ao ensino superior está tão liberalizado, dado que, para além da atribuição de bolsas, o acesso ao crédito se tornou uma opção bastante mais acessível.

    Abraços Sociais Democratas,
    Ricardo Peixe

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  4. Um bom texto, uma opinião correcta e bem fundamentada.

    Continua Rui.

    Um bem haja,

    Marco Rodrigues.

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